Por não se tratar de um adulto em miniatura, a criança não possui a capacidade de expressar por palavras aquilo que pensa e sente e, por isso, adota determinados comportamentos que servem para demonstrar a sua insatisfação. Assim, atitudes agressivas, problemas relacionados com o sono ou alimentação, medos que surgem sem uma causa aparente, birras frequentes ou mesmo regressões como voltar a fazer xixi ou cocó na cama ou nas cuecas, pode tratar-se de sinais que pretendem mostrar que algo se passa.

Da mesma forma, existe uma dificuldade acrescida em trabalhar com uma criança estes “sinais” através da terapia convencional, baseada no diálogo e na definição/negociação de estratégias que a mesma deve seguir. Devido à sua dificuldade em elaborar as suas emoções e sentimentos, torna-se necessário recorrer a técnicas lúdico-pedagógicas, como histórias, desenhos, brinquedos, jogos e outros materiais didáticos, recursos estes que irão permitir à criança exprimir-se, expor o seu mundo interno e lidar com os seus conflitos emocionais através daquilo que ela mais gosta de fazer, brincar.

A ludoterapia é assim um processo terapêutico orientado para crianças que se baseia na arte do brincar. Através desta técnica poderosa, a criança, mesmo sem se aperceber, irá encarar os acontecimentos diários e as relações com os outros de uma forma diferente. Para além disso, ao ter a oportunidade de expressar as suas frustrações e ansiedades, vai aprender a lidar com elas, o que irá conduzir a um aumento de confiança facilitador de um desenvolvimento mais equilibrado e saudável.

Apesar da idade da criança, quanto mais recentes forem identificados os sintomas, maior eficácia terá a terapia, na qual, o envolvimento dos pais, é fundamental para os progressos futuros. Também aqui, a/o psicóloga/o irá trabalhar em “equipa” com os progenitores, agendando atendimentos regulares, que visem a melhoria da sintomatologia evidenciada.

Autora: Psicóloga Iara Silva
Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde
Terapeuta Especializada na área infantojuvenil